domingo, 22 de julho de 2012

28o. Simpósio Mundial da OMEP - Alguns Registros Parte 1




Olá a todos e todas!
Entre os dias 18 e 22 de julho, estive no 28o. Simpósio Mundial da OMEP (Organização Mundial de Educação Pré-escolar).  Esse encontro teve como tema: A Primeira Infância no Século XXI – Direitos das Crianças de Viver, Brincar, Explorar e Conhecer o Mundo” e aconteceu em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Gostaria de compartilhar com vocês algumas palestras que destaquei como mais significativas na discussão do tema do encontro.
A primeira que selecionei  fez parte de uma mesa redonda, intitulada: “O brincar como fator de qualidade na infância” e uma das falas foi ministrada pela professora Maria Vitoria Peralta, da Universidade Central do Chile.
O objetivo da fala de Maria Vitoria foi discutir o jogo como fator de qualidade na educação da primeira infância. Segundo a professora, não há consenso explicitado sobre o que significa qualidade e educação da primeira infância. O que se vê, em geral,  é a aplicação na América Latina, de modelos de outras regiões que nem sempre são adequados a nossa realidade.
A partir dessa constatação, a autora discute os paradigmas que fizeram parte da construção da educação infantil em nossa região. Há mais de 150 anos, afirma a palestrante, já se discutia os princípios de atividade, singularidade, autonomia e brincar. Muitas foram as fundadoras da educação infantil em nossa região, mas as conhecemos muito pouco. E esses princípios não estavam apenas em discursos, mas fizeram parte de fazeres educativos em muitas experiências pilotos. Propostas essas influenciadas inicialmente por Froebel e posteriormente por Montessori. Ou seja, o tema do brincar já estava instalado desde o começo da educação infantil na América latina.
Atualmente, as diferentes orientações curriculares dos países que constituem a região tem os mesmos princípios fundantes. Há boas experiências positivas construídas com amor e dificuldades, entre as quais a quantidade grande de crianças na sala, professoras sem formação, entre outros desafios. Registramos pouco e valorizamos pouco o que fazemos e muito vai se perdendo. Mas o fato de haver boas práticas, não significa que não haja problemas, não está tudo bem, não podemos ser autocomplacentes.
A realidade da escolarização tem sido forte em muitas experiências. Salas cheios de números e letras para crianças menores de 1 ano, o desaparecimento do brincar, do bem estar, da sensação de  sentir se bem na instituição é comum. Onde estão a imaginação e a criatividade? Vemos muitas crianças passivas, preenchendo folhas com desenhos estereotipados, crianças fazendo as mesmas coisas sempre ao mesmo tempo. Essas práticas tem sido disseminadas mesmo em instituições com muitos recursos financeiros.
Ou seja, ainda é comum, o escasso protagonismo infantil, a perda do brincar, a homogeneização, não há diferentes linguagens e as aprendizagens tem sido limitadas. Pesquisas mostram que uma criança pobre do campo tem maior desenvolvimento que crianças pobres em escolas de educação infantil, porque nas instituições elas estão limitadas. Parecem que as crianças nos dizem: “Esse é o mundo que criaram para nos".
Também vemos professoras esgotadas com jornadas de trabalho estafantes, que as impossibilitam de conhecer museus, entrar em contato com a arte, viver experiências com arte, ler jornais.
A maioria dos tomadores de decisão de  políticas publicas acreditam que a educação infantil é somente preparatória para a ensino fundamental. Mas Froebel já tratava da importância do brincar em 1826.
A qualidade da educação infantil não é neutra, ela se constrói com seus autores. Hoje toda literatura sobre qualidade aponta que esta tem três etapas:
 1-Condições estruturais para que funcionem: espaços, materiais em quantidade suficientes,  qualificação, tempos.
2 Processos dinâmicos,  interrelações , currículo
3 resultados, entre eles o mais importante trata da satisfação das crianças e de suas aprendizagens.
Uma educação de qualidade é aquela que traz bem estar para todos, que nos desenvolve como seres humanos. Assim, não podemos converter crianças em adultocrianças.
Por fim, a palestrante termina sua fala com uma série de questionamentos, com os  quais deveríamos nos afrontar nesse momento histórico:
- Por que coisas que parecem tão obvias, apontadas há mais de 150 anos por tantos autores se perderam no caminho?
- Por que há tanta distância entre o dever ser dos discursos e das políticas e o ser de fato, das práticas?
- Que crenças implícitas há por trás dos diferentes atores da educação infantil para não deixar as crianças brincarem?
- Por que não temos sido capazes de transpor essas barreiras para que as crianças vivam bem nas instituições?
São essas reflexões, aponta Maria Vitoria, que nos ajudam a planejar nosso trabalho.

Um comentário:

  1. Olá, bom dia
    passando por aqui e já ficando tambem
    Trabalho na Educação Infantil e tem muita coisa interessante por aqui, parabens
    Te convido a visitar meu bloguinho de receitas
    Se gostar, siga-me, ficarei super feliz.
    Grande Abraço =D

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