Olá a todos e todas!
Entre os dias 18 e 22 de julho, estive no 28o. Simpósio Mundial da
OMEP (Organização Mundial de Educação Pré-escolar). Esse encontro teve como tema: “A
Primeira Infância no Século XXI – Direitos das Crianças de Viver, Brincar,
Explorar e Conhecer o Mundo” e aconteceu em Campo Grande,
Mato Grosso do Sul. Gostaria de compartilhar com vocês algumas palestras que
destaquei como mais significativas na discussão do tema do encontro.
A primeira que selecionei fez parte de uma mesa redonda, intitulada: “O brincar como fator de qualidade na infância” e uma das falas foi
ministrada pela professora Maria Vitoria Peralta, da Universidade Central do
Chile.
O objetivo da fala de Maria Vitoria foi discutir o jogo
como fator de qualidade na educação da primeira infância. Segundo a professora,
não há consenso explicitado sobre o que significa qualidade e educação da
primeira infância. O que se vê, em geral,
é a aplicação na América Latina, de modelos de outras regiões que nem
sempre são adequados a nossa realidade.
A partir dessa constatação, a autora discute os
paradigmas que fizeram parte da construção da educação infantil em nossa
região. Há mais de 150 anos, afirma a palestrante, já se discutia os princípios
de atividade, singularidade, autonomia e brincar. Muitas foram as fundadoras da
educação infantil em nossa região, mas as conhecemos muito pouco. E esses
princípios não estavam apenas em discursos, mas fizeram parte de fazeres
educativos em muitas experiências pilotos. Propostas essas influenciadas
inicialmente por Froebel e posteriormente por Montessori. Ou seja, o tema do
brincar já estava instalado desde o começo da educação infantil na América
latina.
Atualmente, as diferentes orientações curriculares dos
países que constituem a região tem os mesmos princípios fundantes. Há boas
experiências positivas construídas com amor e dificuldades, entre as quais a quantidade
grande de crianças na sala, professoras sem formação, entre outros desafios.
Registramos pouco e valorizamos pouco o que fazemos e muito vai se perdendo.
Mas o fato de haver boas práticas, não significa que não haja problemas, não
está tudo bem, não podemos ser autocomplacentes.
A realidade da escolarização tem sido forte em muitas
experiências. Salas cheios de números e letras para crianças menores de 1 ano,
o desaparecimento do brincar, do bem estar, da sensação de sentir se bem na instituição é comum.
Onde estão a imaginação e a criatividade? Vemos muitas crianças passivas,
preenchendo folhas com desenhos estereotipados, crianças fazendo as mesmas
coisas sempre ao mesmo tempo. Essas práticas tem sido disseminadas mesmo em instituições
com muitos recursos financeiros.
Ou seja, ainda é comum, o escasso protagonismo infantil,
a perda do brincar, a homogeneização, não há diferentes linguagens e as
aprendizagens tem sido limitadas. Pesquisas mostram que uma criança pobre do
campo tem maior desenvolvimento que crianças pobres em escolas de educação
infantil, porque nas instituições elas estão limitadas. Parecem que as crianças
nos dizem: “Esse é o mundo que criaram
para nos".
Também vemos professoras esgotadas com jornadas de
trabalho estafantes, que as impossibilitam de conhecer museus, entrar em
contato com a arte, viver experiências com arte, ler jornais.
A maioria dos tomadores de decisão de políticas publicas acreditam que a educação
infantil é somente preparatória para a ensino fundamental. Mas Froebel já
tratava da importância do brincar em 1826.
A qualidade da educação infantil não é neutra, ela se
constrói com seus autores. Hoje toda literatura sobre qualidade aponta que esta
tem três etapas:
1-Condições
estruturais para que funcionem: espaços, materiais em quantidade
suficientes, qualificação, tempos.
2 Processos dinâmicos, interrelações , currículo
3 resultados, entre eles o mais importante trata da
satisfação das crianças e de suas aprendizagens.
Uma educação de qualidade é aquela que traz bem estar para
todos, que nos desenvolve como seres humanos. Assim, não podemos converter
crianças em adultocrianças.
Por fim, a palestrante termina sua fala com uma série de
questionamentos, com os quais
deveríamos nos afrontar nesse momento histórico:
- Por que coisas que parecem tão obvias, apontadas há
mais de 150 anos por tantos autores se perderam no caminho?
- Por que há tanta distância entre o dever ser dos
discursos e das políticas e o ser de fato, das práticas?
- Que crenças implícitas há por trás dos diferentes atores
da educação infantil para não deixar as crianças brincarem?
- Por que não temos sido capazes de transpor essas
barreiras para que as crianças vivam bem nas instituições?
São essas reflexões, aponta Maria Vitoria, que nos
ajudam a planejar nosso trabalho.
Olá, bom dia
ResponderExcluirpassando por aqui e já ficando tambem
Trabalho na Educação Infantil e tem muita coisa interessante por aqui, parabens
Te convido a visitar meu bloguinho de receitas
Se gostar, siga-me, ficarei super feliz.
Grande Abraço =D