São muitas as vezes que reclamamos da não participação das famílias na educação das crianças e a tercerizacão da educação para a escola. Acho que precisamos refletir sobre isso, no lugar de culpabilizarmos simplesmente as famílias.
Refletir profundamente sobre essa relação, investigando as causas e buscando superar os desafios é nosso papel como educadores. No lugar de olharmos essa relação de maneira passional, precisamos enfatizar a dimensão profissional, como afirma Jesus Palacios e Gema Paniagua, no belíssimo livro: Educação infantil: respeito a diversidade.
Quais os motivos da dificuldade de participação das famílias? Dá para generalizar e apontar que a maioria não liga para a educação de seus filhos? Em que nos baseamos para afirmar isso? Na nossa experiência, no que pensamos, no modo que olhamos para o "outro"?
As falas generalistas sempre me incomodam e me fazem refletir: por que as vezes repetimos tantos slogans? O que há por trás deles? Temos que ser cuidadosos com nossa fala e nosso olhar, porque eles podem nos imobilizar em nossas tentativas de diálogo e troca, princípio fundamental na educação.
Vamos pensar em nossas rotinas: Como ela é? Quanto tempo temos que nos dedicar a nosso trabalho, ao deslocamento do trânsito, aos afazeres diários? Nosso tempo em geral é corrido, produzimos quase que o tempo todo. A necessidade de produção é desumanizadora na nossa sociedade e para as famílias de nossas crianças não é diferente de como é para nós.
Portanto, a diversidade de possibilidades de participação das famílias na escola deve ser pensada. Nem todos podem participar da mesma maneira e nas condições ideais que tanto desejamos. Isso não significa necessariamente que o filho é relegado.
Quais canais de participação e escuta, de fato, tem sido abertos? Como dialogamos com as famílias? Será que muitos de nossos pré-conceitos já estão ativos antes mesmo de estabelecermos esses canais? Será que queremos dialogar e entender realmente esse desafio da participação? Que tentativas temos feitos, o quanto temos avançados ou não e por que isso tem acontecido? Essas foram questões debatidas por todos na instituição?
Fica o convite para que cada instituicão e educadora reflita profundamente sobre o tema (investigando as causas e as emoções que essa participação nos provoca).
Grande e fraterno abraço!
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