segunda-feira, 22 de outubro de 2012

A participação dos pais nas instituições de Educação Infantil: algumas reflexões

Essa semana saiu na Revista da Folha uma entrevista minha sobre a participação dos pais nas escolas de educação infantil.  Senti necessidade de aprofundar essa discussão no blog.
São muitas as vezes que reclamamos da não participação das famílias na educação das crianças e a tercerizacão da educação para a escola. Acho que precisamos refletir sobre isso, no lugar de culpabilizarmos simplesmente as famílias. 
Refletir profundamente sobre essa relação, investigando as causas e buscando superar os desafios é nosso papel como educadores. No lugar de olharmos essa relação de maneira passional, precisamos enfatizar a dimensão profissional, como afirma Jesus Palacios e Gema Paniagua, no belíssimo livro: Educação infantil: respeito a diversidade.
Quais os motivos da dificuldade de participação das famílias? Dá para generalizar e apontar que a maioria  não liga para a educação de seus filhos? Em que nos baseamos para afirmar isso? Na nossa experiência, no que pensamos, no modo que olhamos para o "outro"? 
As falas generalistas sempre me incomodam e me fazem refletir: por que as vezes repetimos tantos slogans? O que há por trás deles? Temos que ser cuidadosos com nossa fala e nosso olhar, porque eles podem nos imobilizar em nossas tentativas de diálogo e troca, princípio fundamental na educação.
Vamos pensar em nossas rotinas: Como ela é? Quanto tempo temos que nos dedicar a nosso trabalho, ao deslocamento do trânsito, aos afazeres diários? Nosso tempo em geral é corrido, produzimos quase que o tempo todo. A necessidade de produção é desumanizadora na nossa sociedade e para as famílias de nossas crianças não é diferente de como é para nós.
Portanto, a diversidade de possibilidades de participação das famílias na escola deve ser pensada. Nem todos podem participar da mesma maneira e nas condições ideais que tanto desejamos. Isso não significa necessariamente que o filho é relegado. 
Quais canais de participação e escuta, de fato, tem sido abertos? Como dialogamos com as famílias? Será que muitos de nossos pré-conceitos já estão ativos antes mesmo de estabelecermos esses canais? Será que queremos dialogar e entender realmente esse desafio da participação? Que tentativas temos feitos, o quanto temos avançados ou não e por que isso tem acontecido? Essas foram questões debatidas por todos na instituição?
Fica o convite para que cada instituicão e educadora reflita profundamente sobre o tema (investigando as causas e as emoções que essa participação nos provoca).
Grande e fraterno abraço!

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