Olá pessoal!
Alem da fala da Professora Fúlvia Rosemberg,
apresentada na postagem anterior, gostaria de compartilhar com vocês a proposta
do Ministério da Educação para a avaliação da Educação Infantil no Brasil.
Ambas foram debatidas no Seminário de Avaliação, promovido pela Fundação Carlos
Chagas.
Para apresentar a proposta, falaram a Coordenadora da
Educação Infantil do MEC, Rita Coelho e a Prof. Sandra Zákia,
especialista em avaliação pela Faculdade de Educação da Universidade de São
Paulo
Rita Coelho
Segundo Rita Coelho, os indicadores de Qualidade na
Educação Infantil apresentam alguns problemas de ordem metodológica, alem
disso, cada um (instituições/ municípios) usa como quer e faz o que quer com
dados. Não ha conseqüência em relação ao governo federal enquanto políticas públicas.
A professora aponta que o Brasil tem excelentes parâmetros de qualidade, o
problema é que não conseguimos implementá-los, e quando se faz isso não se consegue
implementar ações efetivas ou se faz de forma desigual. Não ha penalidades para
aqueles que não segue.
Nesse
sentido, criou-se um instrumento online, intitulado PDE interativo. Dentro
desse PDE estão inseridos questões dos indicadores. Verba enviada para a escola
está vinculada a isso, no sentido de saber o que é necessário para uma boa
instituição de EI. Para conhecer
melhor o instrumento, segue o link: http://pdeescola.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=category&id=37&Itemid=56
Rita Coelho nos disse também que dentro do MEC ha uma
grande discussão, no âmbito do INEP, com vários colóquios sobre avaliação,
devido a insuficiência da identificação promovida pela avaliação, já que não
adianta saber os números se a escola não sabe quais são os fatores que a fazem apresentá-los.
Por isso, a necessidade de incorporar avaliação em contextos.
Esse ano, foi criado no gabinete do Ministro da Educação,
um grupo de trabalho sobre avaliação, presidido por Antonio Ronca. Mas, embora
este aponte que a EI tem muito a contribuir, esse nível de educação não faz
parte do grupo. Ou seja, a discussão
sobre a avaliação já é uma realidade. Existe um debate nacional sobre avaliação,
da qual a EI esta sendo excluída.
A professora Sandra apresentou o documento: “Educação Infantil: Subsídios para a construção de uma sistemática de avaliação”.
Segundo a professora, a distribuição dos materiais
produzidos pelo Governo Federal estão sem monitoramento da chegada ou interação
com ele e afirma que é preciso saber o que acontece com esse nas instituições.
Além disso, afirma que ainda há embates sobre avaliação
na educação básica. Avaliação afirma valores e tem poder indutor. Para a democratização
da educação pública, a oportunidade para contribuir em processos de proposições
de avaliação é sedutora, daí o seu aceite para esse trabalho.
Proposta, debatida e registrada no documento
“subsídios” tem ganhado publicidade no debate mais geral da educação básica. Antes
de apresentá-la, a professora salientou que era preciso apresentar alguns
princípios que a nortearam.
Considerações iniciais sobre a proposta de avaliação
da EI:
A - complexidade do processo de avaliação de uma política
educacional. Há um embate grande sobre escalas de avaliação das crianças, mas é
um equívoco pensar que avaliação de crianças está relacionada a avaliação de política.
Avaliar política é complexo. Avaliação tem uma delineamento político, ela tem
poder, precisamos analisar para que vamos utilizar poder.
- Há limitações técnicas e conceituais. Dificuldade
de isolar variáveis relevantes, acesso as informações necessárias, limites de técnicas
disponíveis para apreender a complexidade dos processos.
Política é alvo em movimento, que será inferida a
partir de ações e comportamentos funcionais de muitas agências governamentais
envolvidos nesse processo.
No caso da EI, os municípios tem que estar presentes.
5565 municípios, com grandes diversidades e desiguais em todas as suas configurações.
B - maioria de programas e projetos governamentais não
tem sido alvo de avaliações sistemáticas. Quando ocorre é apenas uma revisão de
metas, se forem ou não alcançados. Idéia de um instrumental de avaliação que
tivesse impacto no processo. Avaliação que seja capaz de incidir nas políticas
e praticas da EI. Superar caráter burocrático que usualmente demarca as
iniciativas em curso.
C- avaliação da EI tinha que se inserir na educação básica,
mas com características compatíveis com essa etapa da Ed. Básica. Antes não era
contemplada, mas a construção da idéia de avaliação desde a década de 80, teve
iniciativas vinculadas a perspectiva de avaliação externa, proficiência de
alunos em prova, em larga escala. Essa idéia é dominante e foi reproduzida em vários
Estados. Dos 27 estados, 18 tem sistemáticas de avaliação, assim como muitos municípios.
Essa preocupação, com esse tipo de
avaliação, tem razão de ser na EI,
por exemplo com a antecipação da escolarização, isso vai refletir nas praticas
da EI.
É preciso proposta de avaliação que
adquirisse um caráter formativo. Que se conseguisse delinear uma sistemática de
avaliação, que envolvesse as diferentes instâncias governamentais, o que está
inerente a idéia de que ela gere conseqüências para as políticas públicas.
A configuração e o delineamento metodológico
serão apresentados pelo MEC,mas o INEP tem a obrigação de desenvolvê-la, por isso
o título de subsídios.
Contexto de elaboração da
proposta:
- iniciativa do MEC estimulada pelo PNE e pelo
movimento de EI e do então Ministro Fernando Haddad institui um grupo de
trabalho de avaliação da educação infantil com representantes do INEP, MEC,
entidades não governamentais, UNIDME, MIEIBI, Rede Nacional primeira Infância e
pesquisadores da área.
- PNE prevê avaliação da EI a ser realizado a cada 2
anos, a partir de parâmetros de qualidade para inferir infra-estrutura, quadro
de pessoal,recursos de gestão, recursos pedagógicos, acessibilidade, entre
outros. Vai haver avaliação da EI, é indiscutível, como se vai fazer é que esta
em questão. Isso significa que esses parâmetros não devem ser algo normatizado
sem interlocução com estados e municípios. Pauta de debates com um conjunto de parâmetros
e construção de acordos. Não há respostas únicas para a melhoria de qualidade, construção
desse consenso sobre o que hoje significaria para nós um avanço de qualidade na
educação infantil.
Hoje as matriculas na educação publica estão sendo
atendidas por muitos institutos
privadas. Hoje temos traços privatizantes na EI. Isso não pode ser
desconsiderados na discussão de avaliação.
O que se tomou como parâmetro foi a idéia
de que a avaliação vai supor julgamento, implicar em definição de critérios, portanto
a noção de qualidade deveria estar contemplando movimento de discussão, debate
e negociação nas diferentes instâncias. Existem muitos documentos produzidos
que afirmam qualidades e diferentes concepções de EI, alguns contraditórios. Política
é movimento, assim essa noção de qualidade será produto de confronto de posições.
A avaliação das políticas educacionais é
dever dos gestores públicos e um direito da sociedade em uma perspectiva democrática
para promoção da qualidade. Precisa ter potencial de subsidiar diferentes instâncias
para formulação e implementação de propostas.
-
Necessária análise da formulação e implementação das políticas educacionais e
do papel e da função desempenhados pelas instâncias governamentais em direção a
construção de uma educação de qualidade;
- Estabelecimentos educacionais devem ter a definição
de prioridades e encaminhamentos de decisões que possibilitem o aprimoramento
do trabalho. Nesse caso, seria trazer os indicadores e integrar nesse
movimento.
- Construção de uma sistemática de avaliação na EI -
assumir caráter de processo, delineamento de atividades inter-relacionadas que
garantam fluxo de produção e informação, análise, julgamento e decisões que apóiem
continuamente a execução das políticas e programas.
Avaliação é processo de compreensão da
realidade com o fim de subsidiar tomadas de decisões. Descrição, interpretação
e julgamento das diretrizes e ações desenvolvidas a partir das premissas que
orientam o olhar para isso. Daí a
necessidade de ter clareza das premissas que orientam o olhar para a avaliação.
-Focos da avaliação educacional: avaliação de
aprendizagem (de competência da escola); avaliação institucional (auto avaliação e avaliação externa da escola e de órgãos
/ instâncias governamentais; avaliação de políticas e de programas de educação
infantil.
- avaliação de aprendizagem merece aprofundamento, não
se discutiu.
Diretrizes da avaliação:
- Seja coerente com as finalidades e características
da EI;
Produza informações capazes de balizar iniciativas de
diferentes instâncias governamentais;
- Seja abrangente, prevendo indicadores relativos a
insumos e processos e resultados;
-Considere os determinantes intra e extra escolares
que condicionem a qualidade na educação; perspectiva democrática.
Fluxos previstos: ascendente, descendente e Horizontal
Fluxo descendente - avaliação das instâncias do
governo para as de abaixo. Ascendente, o contrario e a horizontal - auto avaliação
das instancias envolvidas na EI. Se prevê que tenham mecanismos de auto avaliação
em cada uma das instâncias governamentais.
Critérios relativos a:
A.
Acesso:
B.Insumo- condições e fatores indicados nos
documentos como condição para oferta qualificados
C.Processos
As bases para avaliação estão pautadas nos documentos
publicados pelo próprio Ministério da Educação.
Oferta da EI:
1. Dimensão atendimento: diretrizes, metas e
objetivos de acesso/ampliação anunciados em planos governamentais- presente nos
documentos
- atendimento a demanda: ampliação progressiva, equidade
e inclusão.
2. Dimensão espaço físico
3. Outros recursos: como alimentação
4. Organização e monitoramento
5. Gestão pedagógica
Objetivo: olhar exaustivo sobre o que já se tem.
Resultados: objetivo é o pleno alcance das dimensões
de qualidade indicados nos documentos oficiais. Considerar os resultados que
foram sendo alcançados.
- Foram visitadas várias escalas internacionais. Se
tem um acordo em relação a muitas referencias, hoje se tem muitas coisas, mas
temos que fazer escolhas. O movimento essencial é dar a marca de uma sistemática
da avaliação de EI. Não reduzir a sistemática da avaliação da educação infantil
a um instrumento, mas amarrada a uma dinâmica de participação de diferentes
segmentos.
Propostas:
-O documento recomenda algumas iniciativas para a implementação
do dialogo. A princípio não criar nenhum instrumento novo, mas partir das bases
existentes para fazer uma análise avaliativa desses dados. Transformar dados do
censo como avaliativos.
- O uso dos indicadores sejam discutidos em uma
perspectiva de inclusão das Secretarias de Educação.
- MEC realize por meio das universidades, uma avaliação
sobre como tem sido as sistemáticas de avaliação das crianças nos municípios.
Para aqueles que desejam
conhecer o documento: “Educação Infantil: Subsídios para a construção de uma sistemática de avaliação”, segue o link: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12579%3Aeducacao-infantil&Itemid=1152
Abraço!
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