Olá
a todas e todos!
Na semana passada estive
presente no Seminário promovido pela Fundação Carlos Chagas intitulado: “Avaliação da Educação Infantil: Tendências
e perspectivas”, na condição de representante do Fórum Municipal de
Educação Infantil de São Paulo. Uma das falas que mais me chamaram a atenção e que compartilho aqui com vocês foi da Pesquisadora Fúlvia Rosemberg.
Rosemberg dividiu sua fala
em três partes: A. Política de avaliação na/da avaliação infantil, B. Avaliação
das políticas de EI e C. Indicadores e prioridades
A- Avaliação
em educação infantil e EI e a sua avaliação.
Fúlvia afirmou
que estamos em processo de formalização de uma política da, na ou para EI. O
termo avaliação esta entrando na EI e está ocorrendo na EI a construção de um
novo problema social que é a avaliação. Esse tema está entrando na agenda e na
pauta de negociação dos diferentes agentes sociais.
Houve um divorcio entre os
dois campos entre EI e avaliação. Tanto EI não havia incluído esse termo como a
política de avaliação não havia tratado da EI. Nesse sentido,
algumas das tensões percebidas
nesse momento, decorrem do fato de que estamos criando, produzindo um novo
problema que não havia sido demarcado enquanto problema social ate então.
Segundo a
palestrante é importante separar a política de avaliação da/na EI e da analise
de uma política da EI. "Avaliação é o processo de medir, dar valor a
alguma coisa" e ao se tratar do tema algumas tensões são visíveis: produto
x processo, quantidade x qualidade, instrumento x teoria, neutralidade x política,
objetividade x valores, vertical x horizontal. Há uma bipolaridade. Embora a visão
contemporânea que se tem sobre avaliação, tenha buscado superar essa
bipolaridade, considerando que ao se tratar de avaliação teoria, políticas e
valores estão sempre em jogo.
Para o debate
avançar, temos que considerar qual a possibilidade de negociação nessas
bipolaridades que estão sendo colocadas, e quais são as que não são negociadas.
Para Fúlvia, valores, políticas e teoria não são negociáveis.
Qual a razão de
ser de políticas de EI? Qual o objetivo, a meta, a função que a EI vai
exercer.?
Duas razoes orientam
a Educação Infantil: direito das crianças de até 5 anos a escolas de qualidade
e direitos das famílias de que seus filhos sejam assistidos em instituições
educativas. Qualquer avaliação deve estar atenta a esses objetivos,
consensuados politicamente e do qual não se abre Mao. Não temos mobilização política
suficiente para integrar as duas tensões.
Direitos das crianças
não são sempre coincientes com os direitos dos pais adultos. Mas essa é uma
dupla perspectiva apontada na Constituição e que traz algumas tensões como férias
na EI, creche noturna, período de adaptação com respaldo constitucional. A falta de integração do direito dos
pais e mães nos direito a Educaçnao Infantil podem reverter em aspectos graves na avaliação.
A agenda de política
da avaliação na EI deve se aproximar a políticas de educação do Ensino
Fundamental, mas traz novas questões, não idênticas a este. A particularidade
da está na maior vulnerabilidade estrutural das crianças quando comparadas com
pessoas mais velhas e autônomas. Vulnerabilidade devido a posição de subalternidade.
Nesse sentido é preciso uma posição de alerta no campo da ética. Uma das estratégias mais freqüentes na avaliação
de crianças mais velha é a verificação do desempenho cognitivo em escalas. Isso
revela uma preocupação ética em relação ao seu uso, como a construção de rótulos
e profecias auto realizáveis.
Pesquisas da
Prof. Marília Carvalho mostra como
essa questão é delicada quando se coloca a questão raça ou cor. Isso não tem
sido colocado em pauta nas discussões da avaliação.
Outro tema da ética
na agenda das política de EI é a confidencialidade das informações. Qual o nível de confidencialidade que
possa ser garantido em que o atendimento publico ainda é restrito? Quando
pensamos em política de avaliação da/na EI podemos transformar as creches em
celeiros de pesquisas várias, sem o menor controle e normatização ética. Política
de avaliação na /da EI não pode ficar apenas atenta o que se esta fazendo na educação,
mas pensar que também é celeiro para outras pesquisas que não tenham a ética
como perspectiva. Uma política de avaliação de EI tem que estar atenta ao uso
dos espaços da EI como campo das pesquisas.
Uma política de avaliação
na EI pode se transformar em uma política da EI. Quando eu uso a creche como
celeiro de sujeitos, tem que se criar condições políticas de alteração, caso
contrário se participa para que essa situação permaneça e estamos construindo
uma política ineficiente de EI. Participa-se do processo de manutenção da baixa
qualidade.
Fúlvia Rosemberg
nos mostrou dados relativos a crianças do IBGE e do INEP. No que se refere a
faixa dos 0 a 3 anos, há uma diferença enorme de 1 milhão de crianças entre os
dois indicadores.
B. Avaliação
de políticas e programas de EI
Avaliação é
sempre uma atividade política. É preciso brigar com economistas e técnicos do
BID como se a política de EI fosse utilizada apenas por resultados de pesquisa.
Sempre pressupõe uma concepção e teoria e de distribuição de poder. Delimita e
expressa uma concepção de poder..
Quais são os princípios
políticos, éticos, a teoria? Princípios
de justiça e igualdade social, benefícios repassados aos menos privilegiados.
Quais são os
valores que privilegiamos quando estamos pensando em avaliação de políticas em
EI? Avaliação é por sua natureza uma atividade política, ela legitima quem obtém
o que, esta implicada na distribuição de renda, em mecanismos de distribuição.
Ela não deve ser apenas verdadeira, mas justa.
Uma posição importante
para se pensar em uma política de avaliação de EI deve partir de um conceito,
uma postura política de justiça.
Mas essa idéia abre
um imenso caminho de tensões se negociações, uma imensa complexidade: quem são os
menos privilegiados? O que é
melhor para eles?
Indicadores são políticos.
A decisão de incluir indicadores, estatística, denominá-los é absolutamente política,
não é uma estratégia técnica exclusivamente.
Política de reconhecimento, justiça
de reconhecimento são estratégias para política de distribuição.
C.
Indicadores e prioridades
Fúlvia terminou sua fala com
algumas sugestões para Políticas Públicas para a Educação infantil (EI):
- Divulgação e monitoramento
mais eficiente da implementação de documentos normalizadores. Temos muitos
documentos oficiais na EI, mas temos barreiras de transpor eles para além dos
ativistas e militantes
- Planejamento da implementação
de alterações legais antes de sua discussão e aprovação..
- Análise prévia da
viabilidade e implementação de novas legislações. Ex: avaliação do ensino
fundamental de 9 anos
- Informações sobre
desencontros entre agências do governo, ex: IBGE e INEP, com análises agregadas por Estado.
- Revisão do questionário,
formulários do censo escolar, a luz de correspondência entre requisitos e
indicadores de qualidade da EI. Correlação entre censo escolar e indicadores da
educação.
- Analise de localização de
creches e pré-escolas conforme a densidade populacional e distribuição de
renda. Não temos nenhum estudo em relação a densidade demográfica.
-Planejamento para construção de creches considerando os
dados existentes.
- Melhorar dados sobre crianças
pequenas
- Formação de gestores,
ativistas no que diz respeito a dados macro.
Aproveito para indicar o Excelente texto da autora, intitulado: "Avaliação de programas, indicadores e projetos em educação infantil".
Link: http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n16/n16a02.pdf
Abraço!
Link: http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n16/n16a02.pdf
Abraço!
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