quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Educação infantil: Integração de Direitos

Olá pessoal!

Compartilho aqui mais uma palestra assistida por mim no Fórum Gaúcho de Educação Infantil. A palestrante Jane Felipe de Souza trouxe importantes contribuições a respeito do histórico da Educação Infantil, seu significado e desafios atuais. 






A Prof. Jane Felipe iniciou sua fala apontando que a Educação Infantil e a integração de direitos:  direito das crianças e das mulheres. Em seguida, sistematizou alguns momentos históricos importantes para a área no país: 

Década de 70 e 80 - Efervescência dos movimentos sociais e sindicais. Preocupação de onde deixar as crianças. Grande trabalho do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher como sustentação de luta pela educação pela infância.
Antes creche era considerada mal necessário, muito marcada pelo campo da psicologia que trazia a ideia da necessidade da mãe estar junto com a criança.

Houve uma intensa luta pela ampliação de vagas, juntamente com qualidade de atendimento, na qual se defendia que a formação docente precisava ser altamente qualificada.

Década de 80 - Primeiros movimentos de direito à creche na perspectiva da criança pequena. Luta do reconhecimento da creche como lugar de viver a infância. Ao mesmo tempo houve um avanço na idéia de que creches e pré- escolas são preparatórias.

2005 - “Movimento Fraldas Pintadas”- Movimento organizado nacionalmente para reivindicar financiamento para educação infantil.


É preciso reconhecer a militância teórica nas universidades e grupos de pesquisa. Militância teórica vem produzindo diversos estudos que tratam a criança como sujeitos de direitos, que precisam ter seus vários aspectos do desenvolvimento infantil contemplados e apontado a indissociabilidade entre cuidado e educação.

A qualidade na Educação Infantil é pautada na construção da autonomia da criança,na relação com ambiente natural e social, nas experiências agradáveis a partir de seu próprio corpo e na interação com outras crianças, na expressão por meio das diferentes linguagens, nas experiências variadas e estimulantes com linguagens oral e escrita,  na capacidade de reconhecer suas identidades valorizando as diferenças, na cooperação e no desenvolvimento da afetividade.

Estudos tem mostrado sobre desenvolvimento infantil, que deve ser entendido como processo contínuo, altamente complexo, que se pauta na interação das crianças com seus pares e com os adultos. Criança não é só atendimento das necessidades básicas mas construção de novas relações sociais com predomínio da emoção sobre as demais atividades
    Interações emocionais devem primar pela qualidade, a fim de ampliar horizontes da criança e elevá-la a transcender a subjetividade e inserir-se no social.  Nesse sentido, o corpo docente precisa aprender a lidar com o estado emotivo da criança para poder melhor estimular seu crescimento individual. Professor precisa aprende a lidar com a diversidade.

Emoção - em latim significa movere =mover-se para fora, externalizar, é a intensidade máxima do afeto.

      O papel do adulto, além do papel de proteção e segurança, é  ser intérprete do mundo para crianças pequenas. Nós nomeamos o mundo e damos o sentido aos objetos e as situações que elas vivem.
      Precisamos ampliar seu conhecimento a partir das curiosidades que elas trazem. Todos os assuntos são passíveis de discussão, mesmo aqueles que consideramos tabu.
     Precisamos entender o significado da  indissociabilidade entre cuidar e educar e dar suporte para a construção da autoestima elevada - valorização das atitudes e descobertas das crianças, respeitar seus ritmos  suas características físicas, cognitivas e emocionais
   Temos que ter uma postura ética com crianças e famílias, respeitando  suas vivências e experiências culturais.
      A escuta atenta aos interesses e necessidades das crianças é imprescindível, os adultos são apoiadores emocionais das crianças e incentivadores para que elas busquem novos desafios. Adultos são modelos éticos para as crianças.

    Precisamos a partir dessas novas demandas que surgiram na décadas de 70 e 80 – em que muitas conquistas foram realizadas - avançar ainda mais. Um desses avanços é na formação dos docentes para essa qualidade que deve se dar também nas formações em serviços.

    O Ministério da Educação tem feito parceiras com as universidades com cursos de especialização, mas é preciso pensar em formação em serviço.

     Outro desafio para a área é entender que as crianças tem amplo acesso a informação, são subjetivadas por uma ampla mídia, há uma erotização dos corpos infantis e escolas precisam discutir essas novas perspectivas sobre a criança e seus corpos, discutir a pedofilização, em que coloca-se corpo feminino infantil como aquele desejado eroticamente.

    Os maus tratos na infância e nas escolas de educação infantil também precisam ser discutidos. Maus tratos não só físicos, mas também emocionais. Há muitas práticas naturalizadas com maus tratos emocionais.

   Além disso, precisamos avançar nas questões de gênero e ter muitos homens atuando na Educação Infantil sem que achemos isso um problema ou ameaça.


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