terça-feira, 11 de novembro de 2014

Falando sobre espaços: Maria da Graça Horn

Olá pessoal,
Recentemente estive no Encontro do Fórum Gaúcho de Educação Infantil onde pude ouvir uma série de falas sobre temas importantes da área. 
Uma delas foi a palestra da Profa. Maria da Graça Horn - assessora da Coordenadoria de Educação Infantil do Ministério da Educação -  que refletiu sobre a organização dos espaços nas instituições educativas.






Maria da Graça Horn apontou as conquistas dos novos espaços de infraestrutura para a Educação Infantil no Brasil, mas atentou que aliado a isso é preciso repensar a maneira como esse nível educativo vem se constituindo no país.
A palestrante nos lembrou que a identidade da Educação Infantil passou por diferentes concepções que coexistiram e foram priorizadas uma mais que as outras em determinados momento. São elas: 
a) Educação Infantil como um lugar parecido com o da casa.

b) Identidade do ensino fundamental: para ser escola precisa ter mesa, muitas cadeiras, armários, escolarização equivocada e precoce

c) Identidade do hospital; prioridade para o cuidar, articulada a mortalidade infantil. Busca de identidade na concepção higienista. Cuidado não atrelado a educação.

A busca por identidade própria da Educação Infantil começa a se delinear no bojo do ordenamento legal que se instala a partir de 1988 com a Constituição, ECA, LOAS e LDB. Nesses documentos, a Educação Infantil tem como características:  atendimento de 0 a 6 anos, primeira etapa da educação básica, educação de crianças em espaços coletivos, direito social da criança, espaço não domestico, educar cuidando, profissionais com formação especifica.

Horn destacou em sua fala o programa Proinfância, um programa de assistência financeira ao Distrito Federal e aos municípios para a construção, reforma e aquisição de equipamentos e manutenção. Mas ressaltou que para além da construção, há também uma preocupação em subsidiar os gestores municipais para qualificar o uso dos espaços. Dessa preocupação surgiu o documento: "Parâmetros Básicos de infraestrutura para Instituições de Educação Infantil"  e o "Encarte 1". Ambos oferecem sugestões de organização de espaços na instituição educativas  com várias recomendações para  o melhor atendimento da criança pequena. 





 O diagnóstico realizado no âmbito do Ministétro da Educação sobre o uso dos espaços nas instituições é preocupante: "A concepção das ações pedagógicas dos educadores, o modo de arranjar o espaço físico e o livre acesso das crianças aos brinquedos é a do não protagonismo das crianças, não entendimento de que elas aprendem em e nas interações com seus pares e com o espaço em que estão inseridas". Percebeu-se também que mesmo em prédio grandiosos com aspectos que se considerava importante para as crianças se realizava uma prática empobrecida.

A pesquisadora apontou ainda a necessidade de unir mentes da pedagogia e mentes da arquitetura a partir das Diretrizes Curriculares Nacionais cujos eixos estruturantes são o brincar e as interações.  O que é prioritário quando se pensa em brincadeira e interação? Não são espaços repletos de mesas e cadeiras, que remetem a criança a ficarem sentadas por longas jornadas, que confinem os bebês em espaços restritos. A organização do espaço não é simples cenário. O espaço não está dado, não está pronto, é um dos eixos estruturantes do currículo. Para se pensar em espaços adequados para criança é preciso pensar que concepção de criança temos, concepção de aprendizagem e que tipo de criança que queremos formar: é a criança que está a nossa disposição o tempo todo, ou uma criança ativa, critica?
Precisamos adentrar nos espaços, mas com um olhar atento aos fazeres das crianças, suas necessidades e relações que se estabelecem nesse espaço.
Olhar o pedagogo e arquiteto precisam convergir para essa criança.





Uma frase, exposta por Horn, sistematiza suas preocupações e chama a atenção para uma profunda e importante reflexão na educação infantil: como tem sido estabelecidas as relações com as crianças nos espaços de convívio nas instituições?: 

O respeito do educador no cuidado com a formação do educando se manifesta quando o duplo olhar puder negar a indiferença da maioria das relações que se estabelecem no cotidiano dos indivíduos na escola” (Aquino, 2010)"


Aproveitando essa reflexão, indico a publicação sobre espaço do curso "Proinfantil" do MEC que tem  várias dicas para organização dos espaços, mobiliários e materiais. 


Grande abraço!






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