Essa semana estou participando da ANPED – Associação
Nacional de Pós-graduação em Educação em Florianópolis.
Um momento emocionante desse encontro foi a homenagem a
Prof. Fúlvia Rosemberg, através uma mesa com pesquisadores que ressaltaram suas
principais contribuições.
A pesquisadora Fúlvia foi uma das mais importantes
pesquisadoras da infância e militante pela garantia dos direitos da
criança. Uma inspiração para todos nós
que lutamos em favor da infância.
Muitos documentos que hoje são referências para a área da
Educação Infantil tem sua contribuição, entre eles, ressalto os “Critérios de
Atendimento em Creche que respeitem os direitos das crianças”, escrito em
parceria com a Prof. Maria Malta Campos.
Força, vigorosidade e rigorosidade teórica foram suas marcas.
A luta contra as políticas das organizações multilaterais – UNESCO, OEI, Banco
Mundial entre outras – de “politicas pobres para crianças pobres” foi um de seus legados. Através de uma rigorosidade de levantamentos quantitativos, a
professora combateu discursos que discriminavam e discriminam bebês e crianças,
meninos e meninas pobres e negros.
Alguns conceitos foram fundamentais em sua produção teórica
e foram resgatados na fala do Prof. Paulo Vinicius Baptista da Silva da UFPR:
Adultocentrismo: mundo centrado no
adulto, através de desigual distribuição do poder constituído para e em torno
do adulto. Criança vista como um vir a ser, como potencialidade e promessa e
não como alguém que é sujeito.
Relações não sincrônicas: Complexidade
e contradições entre as desigualdades de gênero, raça, classe e etária. Os
movimentos sociais não desenvolvem necessariamente a mesma sincronia de
consciência de classe, gênero e raça. Movimentos, na luta por suas pautas,
omitem outras desigualdades, em especial, aquelas relacionadas às crianças
(adultocentrismo).
As
desigualdades se dão em planos materiais e simbólicos e sua compreensão é
fundamental para a combatermos.
Branquidade normativa: Branquidade é
considerada condição “normal” da humanidade, nesse sentido não branco é
exceção. Branquidade paradigmática que se revela nas produções literárias para
as crianças e que precisa ser combatida.
Esses são alguns conceitos que marcam sua luta incansável
contra a desigualdade e a injustiça, em especial vivida pelos bebês e crianças pequenas
negras e pobres.
Durante o encontro uma longa entrevista com Fúlvia
Rosemberg sobre sua trajetória foi apresentada. Nessa entrevista, a pesquisadora falou das marcas das desigualdades
observadas na sua infância e como essas experiências foram fundamentais para
sua trajetória militante; tratou do papel da teoria – enquanto lugar de
sustentação do empírico, do observado, do vivido; reafirmou sua defesa da
educação infantil e em especial do segmento creches: “Sou crecheira”, afirmou ela.
Fica a provocação de Fúlvia Rosemberg: Qual nossa lealdade? Para mim, pessoalmente, essa é uma provocação
constante.
Hoje a tarde tem mais homenagens: que suas idéias nos
inspirem na luta!!!
Abraço!
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