quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Mais sobre o Plano Municipal e o debate de Gênero nas escolas

Oi gente,
Compartilho algumas reflexões sobre o Plano Municipal de São Paulo. 

Quem quiser ler mais sobre o tema, segue o link para o artigo Vamos tod@s cirandar, que tem uma entrevista minha:


O Plano Municipal de Educação de São Paulo traz alguns avanços importantes: Ampliação do recurso para educação, proporcionalidade da relação educador/ educando, fortalecimento dos conselhos de escola, universalização,  atendimento da demanda  e busca ativa na Educação Infantil. 

Mas poderia ter tido maiores avanços. Entre o substitutivo da Comissão de Educação e o plano aprovado, houve perdas. Uma delas diz respeito a verba vinculada para a educação. É certo que a verba para a educação passou de 31% para 33%, embora o que era solicitado era 35%. Mas, não está claro se essa verba a mais irá diretamente para as questões de manutenção e desenvolvimento do ensino (Pagamento de folha, formação dos profissionais, manutenção das escolas, compra de materiais pedagógico, ...) ou para outros gastos como transporte escolar, pagamento de servidores aposentados, programas como leve leite, etc. O que se mantém é a vinculação obrigatória da verba para a manutenção e desenvolvimento do ensino que é de 25%, o restante da verba não tem essa obrigatoriedade. 

Apesar dos avanços, tivemos perda na educação infantil. Historicamente essa modalidade de educação no segmento creche,  tem sido ampliada por meio de conveniamentos, que tem um custo 3  vezes menor que o atendimento na rede direta (de responsabilidade da Prefeitura). Hoje a rede conveniada atende 70% das crianças de 0 a 3 anos na Educação Infantil,  e é preciso que o Poder público assuma a educação dessas crianças e inverta essa curva. Todavia, nesse plano não há menção disso e como foi aprovado permanece a política empregada nas últimas décadas na cidade que é da expansão quase que exclusiva por terceirização.

Outra perda significativa: a retirada da palavra gênero.  Não se trata apenas da palavra, mas de seu significado na busca por uma sociedade mais igualitária. Na área de educação, e em especial, na Educação Infantil este debate está presente há anos e são muitas os estudos e experiências no cotidiano das escolas em relação a essa questão. Esse acúmulo na área foi completamente desconsiderado, como se educação não fosse fruto de muita pesquisa e reflexão, mas apenas alvo de uma opinião moral de sociedade. Quando se afirma que as crianças não estão preparadas para esse debate, por trás há uma concepção de infância que crê que as crianças não são capazes de entender o mundo. As crianças estão inseridas no mundo, observam o mundo, criam hipóteses, pensam sobre o que vêem e experienciam, queiramos ou não. A sociedade é diversa, o ser humano tem maneiras diferentes de ser e estar no mundo, e quando as crianças entram na escola, passam a ter contato com essa diversidade de formas. Nesse sentido, a escola é espaço de aprendizado de convivência e de educação humana. Essa premissa de que escola ensina e família educa não é apenas equivocada, é impossível do ponto de vista concreto. Daí o papel dos educadores de refletir com as crianças sobre essas diferenças  (gênero, arranjos familiares, orientação sexual, raça, deficiências)  para que possamos viver em uma sociedade mais respeitosa com as diferenças. 

Abraço,

Um comentário:

Olá! Comente aqui sua opinião!