quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Da violência a resistência: o que aprendi hoje com os movimentos sociais


      Hoje no evento ocorrido na PUC, intitulado: “Boaventura de Sousa Santos e Movimentos Sociais – POR UMA POLÍTICA EMANCIPATÓRIA”, em que vários representantes de Movimentos sociais apresentaram suas demandas e lutas e o Prof. Boaventura Sousa Santos fez um fechamento esplêndido, escutei muito sobre violência:

 ·      Violência contra as mulheres (vivemos em uma sociedade sob domínio patriarcal que está longe de acabar. Alguns dados: Brasil – 7o. Lugar em assassinatos de mulheres, 50 mil estupros declarados por ano, a cada 15 segundo uma mulher é espancada no país);  

 

·      Violência da segregação espacial urbana (que define onde as pessoas podem e devem morar e conviver dependendo de sua classe social);

 

·      Violência da mídia (em que poucos grupos detém o monopólio da comunicação e que impõem uma forma de pensar e construir visões de mundo, além de violentar muito de seus profissionais por meio da truculência com aqueles que ousam apresentar a diferença);

 

·      Violência da negação da terra para as minorias (terra como sinônimo de especulação a custa do direito à vida de indígenas e quilombolas que estão ainda hoje sofrendo genocídios e cuja situação só vai piorar com os novos Projetos de Lei tramitando no legislativo nacional);

 

·      Violência contra mulheres presidiarias e seus filhos (mulheres que em sua maioria não tem antecedentes criminais, são provedoras do lar, possuem filhos pequenos, baixa escolaridade e pouco acesso ao trabalho formal);

 

·      Violência policial (a polícia brasileira é que mais mata no mundo);

 

·      Violência dos homicídios nas periferias (que se relacionam com a violência policial. A título de comparação: um jovem morador do Grajaú tem 100 chances a mais de morrer assassinado do que um jovem morador de Moema, ambos bairros da cidade de São Paulo);

 

·      Violência do racismo e da naturalização dos privilégios (o racismo é estrutural, porque molda e forja as relações vividas na sociedade e demarca papéis);

 

·      Violência do trabalho escravo (que ainda existe e é invisibilizado socialmente).

 

            Mas nem só de violência se tratou essa noite, mas também de ESPERANÇA e RESISTÊNCIA. Foram vários os clamados pela união e pela luta coletiva!

          Pela resistência dos movimentos sociais na busca por um outro modo de vida, de um mundo mais justo para TODOS, pela busca por uma simplicidade voluntária, uma existência menos consumista e mais baseada no bem viver comunitário, na qual se nega que a única possibilidade de de relação entre os seres humanos se dá pela via econômica (Consenso de Washington) que tem custado a dignidade humana e o aumento da desigualdade social. É preciso lembrar que sob a perspectiva econômica, a divisão entre as pessoas se pauta em hierarquias de classe social, raça, gênero, de origem e etnia.   

     Os movimentos sociais são espaços de resistência, atuam porque há mazelas no mundo. Lutar em um movimento social significa sair de si e lutar contra a desigualdade coletivamente. Ainda que haja pautas específicas, lealdades diferentes, está na hora de se unir em uma luta comum por uma vida mais justa para TODOS. Que os movimentos sociais possam se articular, convergir e resistir de forma coletiva. Afinal, o que deve valer mais: o valor da vida ou da propriedade?


É isso e tudo isso!

 

 

Esse texto resultou de um compilado das falas de:

1- Amelinha Teles, União de Mulheres de São Paulo/IBCCRIM Coordenação PLPs
2 - Boaventura de Sousa Santos, Projeto ALICE e Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra
3 - Débora Silva Maria, Mães de Maio
4 - Luiz Kohara, Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos 
5 - Marcos Sorrentino, Movimento Ecossocialismo ou Barbárie
6 -Marilene Felinto, midiafazmal.wordpress | Análise de Mídia
7 - Michael Mary Nolan, Instituo Terra Trabalho e Cidadania - ITTC
8 - Silvio Almeida, Instituto Luiz Gama/Mackenzie

 

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